No dia 19 de Abril de 2006, os moradores dos dois Bairros realizaram uma manifestação à porta da Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, como forma de os responsáveis políticos encontrarem uma solução para o seu problema habitacional gerado pela Fundação D. Pedro IV.
A mesma manifestação foi filmada por uma equipa de jornalistas da TVI, que efectuou a devida reportagem, mas por motivos alheios que os moradores desconhecem não foi exibida no telejornal das 20:00 horas da mesma estação de televisão.
No mesmo dia, muitos moradores ainda visualizaram nas suas televisões a passagem de um anúncio em rodapé das imagens da manifestação que iria mostrar a muitos telespectadores a sua indignação em relacção á gestão da Fundação D. Pedro IV, mas o rodapé acabou por ter um efeito de anúncio publicitário.
A tal sensação de recompensa pela participação em acções de cidadania que todos nós gostamos de sentir, de repente foi assim substituída por uma sensação que muitos concerteza se recordaram de outros tempos.
No dia 7 de Dezembro, a TVI viria a estar presente numa iniciativa em que os moradores do Bairro dos Lóios , com o apoio dos moradores do Bairro das Amendoeiras, “inauguraram” de uma forma simbólica, em forma de protesto, a extensão do Centro de Saúde de Marvila, cujo edificio se encontra concluído há 4 anos.
Tal como os outros meios de comunicação social presentes, a TVI deu cobertura ao acontecimento, efectuou um levantamento de depoimentos e filmou os protestos dos moradores pelo atraso da verdadeira inauguração da extensão do Centro de Saúde.
A iniciativa foi verdadeiramente entusiasmante e mesmo com a chuva que se fez sentir, até houve champagne e corte simbólico de fita, e concerteza que ninguém estava á espera que as imagens do acontecimento, onde até esteve presente o vereador do Bloco de Esquerda José Sá Fernandes não fossem divulgadas no telejornal da respectiva cadeia de televisão.
No dia seguinte, quando os moradores aguardavam alegremente visualizar as imagens da reportagem da “inauguração” da extensão do Centro de Saúde de Marvila, no telejornal da TVI, para espanto seu, verificaram que as mesmas mais uma vez não foram divulgadas.
Poderiam estar a sonhar ou pensar que estariam a viver noutro país com um diferente regime político, mas não..., estavam mesmo em Portugal, ou seja, em Chelas..., terra onde muitos dos seus problemas foram esquecidos ao longo dos anos pelas diversas entidades políticas e agora, até já iriam ser falados na televisão.
Estas “falhas de imagens” não espantariam nenhum cidadão antes do dia 25 de Abril de 1974, mas uma vez que se verificaram em plemo regime democrático levam os moradores do Bairro dos Lóios e das Amendoeiras a equacionar sobre as mesmas.
Muitos perguntam: O que aconteceu ás imagens? Será que ameaçavam alguém? As imagens ficaram com uma má qualidade? Ou será que a equipa de jornalistas da TVI não passava de uma miragem? A ERC ainda poderia ter ajudado a explicar porque não foram divulgadas a imagens da primeira manifestação, mas pelos vistos, também não tem explicações para o sucedido.
Coincidência ou não, o que é facto é que em dois momentos de protesto importantes para os moradores de Chelas, devidamente filmados pela TVI, verificou-se que as respectivas imagens não foram transmitidas, mas como vivemos em democracia poderá a TVI ter tido algum assunto mais importante para divulgar que o problema habitacional e de saúde que afecta a vida de mais de mil familias.
João Santos