terça-feira, dezembro 12, 2006

Fundação D. Pedro IV quer “repôr” justiça social

Foi publicada uma notícia no jornal "Expresso do Oriente", com afirmações enganosas do presidente da Fundação D. Pedro IV, Vasco Canto Moniz. A informação mais surprendente é o facto do presidente da Fundação referir: "a renda média praticada por nós, que vem do tempo da Administração do Estado, é de cerca de 17 euros".

É caso para perguntar como conseguiu a Fundação D. Pedro IV manter a mesma média de valores de renda praticada pelo IGAPHE, após ter aplicado aumentos de renda que chegaram a atingir os 15 000 %?

Há quase dois anos que 1451 habitações nos Bairros das Amendoeiras e Lóios, em Marvila, foram transferidas do Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE) para a Fundação D. Pedro IV, uma das maiores Instituições Particulares de Solidariedade Social do País. Desde então, moradores e fundação não se entendem, pois a população recusa os aumentos das rendas efectuados pelo novo inquilino. Uma gestão que acusam de ser “terrorismo social” é, porém, desdramatizada pelo presidente do Conselho de Administração da Fundação D. Pedro IV. Em declarações ao EXPRESSO do Oriente, Vasco Canto Moniz afirma que as casas em questão “foram feitas com os impostos dos portugueses e destinam-se a pessoas carenciadas e se é verdade que na zona de Chelas há cerca de 30 por cento de pobres, não é menos verdade que cerca de 20 por cento das casas estão ocupadas por uma classe média que não tem razão para estar lá.”

Por seu lado, os moradores reivindicam que lhes seja dada a hipótese de adquirirem as casas, uma vez que “foi essa a promessa feita pelo Estado há 30 anos”.

De qualquer forma, a Fundação continua a defender que as casas em questão “são para os pobres e a Fundação tudo fará para repôr a justiça social que anda arredada daqueles sítios há muito tempo. A renda média praticada por nós, que vem do tempo da Administração do Estado, é de cerca de 17 euros, quando o custo médio de qualquer fracção habitacional em termos de condomínios é de 45 euros. Há aqui um disparate muito grande entre o que as pessoas pagam e o custo real. A renda apoiada que queremos aplicar é de cerca de oito euros para um pensionista e de 32 euros para um casal de pensionistas, por isso não tem sentido nenhum que haja centenas de pessoas, há 30 anos, a pagar rendas de três ou de seis euros, quando dispõem de rendimentos de dois mil e três mil euros.”

Recentemente, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa disse aos moradores do bairro das Amendoeiras que a solução do litígio que os opõe à Fundação D. Pedro IV “está muito bem encaminhada” e deverá ser conhecida em Janeiro.

In Jornal "Expresso do Oriente", Dezembro de 2006