Eduardo Gaspar mora no bairro há 11 anos, num prédio construído num sistema de cooperativa e é o actual presidente daquela associação. Ele e César Valentim, também membro da direcção, mostram o bairro ao JN e pretendem desmontar algumas ideias feitas nem o bairro é perigoso nem toda a gente vive em prédios a cair aos bocados. As situações piores acontecem no edificado que já pertenceu ao IGAPHE e agora em boa parte é propriedade da Fundação D. Pedro IV. Nos prédios onde os moradores são maioritariamente proprietários e detêm a administração, as anomalias vão sendo corrigidas. O mesmo não acontecerá naqueles em que é a Fundação a proprietária maioritária. "Não fazem nada, e quando fazem alguma coisa, é só disparates", diz António Lemos, que também mora no nº 232. Limitado a uma cadeira de rodas , tem ainda assim a sorte de viver no rés-do-chão.
Os dois elevadores do prédio estão agora parados. Um deles, há já cinco anos que nem sobre nem desce, e o segundo foi selado depois do acidente de segunda-feira.
Alice Camacho e Maria Judite Castelo Branco moram também no 232. A primeira é inquilina da Fundação, e queixa-se do recente e "violento" aumento de rendas. A segunda, proprietária do seu fogo, está tão descontente como a primeira. Ambas lembram que o gás canalizado nunca entrou em funcionamento no prédio (a vistoria realizada aquando da construção detectou defeitos inultrapassáveis), pelo que as bilhas de gás se acumulam perigosamente Também á água escorre pelas paredes. José Lima, que também lá mora e foi quem chamou os serviços de socorro na sequência da queda do vizinho Miguel, diz que moram todos numa "barraca de betão".