"Estamos aqui a contestar o aumento das rendas e a alertar para a degradação do edificado" disse ao JN Eduardo Gaspar, presidente da Associação Tempo de Mudar, junto às traseiras do edifício da RTP, de onde partiu uma manifestação à qual se foram juntando os residentes nos respectivos bairros. "Governo escuta, Chelas está em luta", "Património mal doado deve voltar ao Estado" e "Corrupção na Fundação, é urgente a extinção" foram algumas das palavras de ordem escutadas durante o percurso.
Convencido de que, com a persistência dos moradores dos Lóios e das Amendoeiras, "a batalha será ganha", Eduardo Gaspar salientou que o pagamento das rendas "continua suspenso, por ordem do tribunal" mas que o Governo, através do secretário de Estado do Ordenamento do Território, "parece continuar a ceder à Fundação no âmbito das conversações para a celebração do novo contrato entre a instituição e o Estado". O mesmo Estado, adiantou "que, ao passar os bairros para as mãos da Fundação, saiu lesado, não acautelando, por outro lado, os interesses públicos".
Também José Carlos Canejo Pires, residente nos Lóios há 26 anos, se afirma indignado com a situação "Vim para aqui com a minha mulher e três filhos a pagar, já nessa altura, 4.500 escudos. Agora que pensei que ia ter uma vida mais calma, a Fundação aumenta a renda até acima do que é permitido por lei" disse ao JN. "Até pode ser - admite - que o Governo tenha entregue os bairros com um objectivo social, mas têm feito tudo ao contrário".
Após a manifestação foi feito um cordão humano.